Na área da saúde, muitas pessoas têm dúvidas sobre as funções e a formação de diferentes profissionais. Um tema comum de questionamento é se fisioterapeuta é médico.
Embora ambos desempenham papéis essenciais no tratamento e recuperação de pacientes, suas funções e áreas de atuação são distintas. No entanto, há quem se questione se o fisioterapeuta pode ser tratado como “doutor” ou se é necessário consultar um médico antes de começar a fisioterapia.
Este artigo vai esclarecer essas e outras questões, abordando as diferenças entre a fisioterapia e a medicina, a formação acadêmica de cada profissional, e os aspectos legais do uso do título de “doutor”.
Também discutiremos a atuação do fisioterapeuta, suas especializações e como ele contribui para a saúde e bem-estar dos pacientes. Vamos entender, então, as particularidades de cada profissão e como elas se complementam no cuidado com a saúde.
Afinal, fisioterapeuta é médico?
Não, o fisioterapeuta não é médico. Embora ambos atuem na área da saúde, suas funções e formações são distintas. O médico é capacitado para diagnosticar doenças, prescrever tratamentos, solicitar exames e, se necessário, realizar intervenções cirúrgicas.
Com a conclusão do curso de Medicina, o profissional pode atuar como clínico-geral ou seguir para especializações por meio de residência médica.
Por outro lado, o fisioterapeuta tem como foco a prevenção, o tratamento e a reabilitação de lesões e traumas. Para isso, ele utiliza recursos terapêuticos específicos como massoterapia, eletroterapia, termoterapia e mecanoterapia, com o objetivo de promover a recuperação da função física do paciente, aliviando a dor e melhorando a mobilidade.
Respaldo Legal para o uso de Doutor pelo Fisioterapeuta
O uso do título de “Doutor” pelos fisioterapeutas encontra respaldo legal com base na Resolução COFFITO-6, conforme o inciso II do artigo 44, que reconhece o direito do profissional de Fisioterapia a utilizar esse título.
Essa decisão foi formalizada após a Reunião de Diretoria do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) em 23 de outubro de 2000, e considera as seguintes questões:
- Não existe legislação específica, como a Lei nº 5.540/68 ou o Decreto-Lei nº 465/65, que regulamente a concessão do título de “Doutor” para fisioterapeutas.
- O uso do título está relacionado à autoridade científica do profissional, servindo como um reconhecimento da sua competência.
- O título de “Doutor” é uma tradição consolidada no direito consuetudinário, amplamente aceito entre profissionais com formação superior.
- A tradição jurídica brasileira assegura a todos os diplomados em cursos superiores o direito legítimo ao uso desse título.
- A omissão do título de “Doutor” pode ser interpretada como uma subordinação inadequada, especialmente considerando que os fisioterapeutas são profissionais de nível superior.
- O uso do título reforça a isonomia entre os profissionais da saúde, destacando o fisioterapeuta em sua prática terapêutica, que é fundamentada cientificamente.
- A legislação e a língua portuguesa não reconhecem abreviações como “FT” para identificar o profissional de Fisioterapia, o que reforça a necessidade de utilizar “Doutor” como forma de identificação clara e adequada.
Dessa forma, o COFFITO recomenda que os fisioterapeutas utilizem o título de “Doutor” em sua atuação profissional, considerando-o um direito legítimo e uma prática amplamente aceita.
Devo me consultar com um médico antes de procurar um fisioterapeuta?
Muitas pessoas acreditam que, ao apresentarem dores ou disfunções, o primeiro passo deve ser uma consulta com um médico. Contudo, os fisioterapeutas são profissionais altamente capacitados para serem o ponto inicial de atendimento, especialmente em questões relacionadas à saúde da coluna.
Esses especialistas possuem a formação adequada para avaliar, diagnosticar e tratar diversas condições musculoesqueléticas, muitas vezes sem a necessidade de um encaminhamento médico.
Eles estão preparados para desenvolver planos de tratamento eficazes, utilizando técnicas específicas para aliviar dores e melhorar a mobilidade, sendo, assim, uma opção viável e eficiente para o primeiro atendimento.
Fisioterapia e Medicina: quais as diferenças?

Fisioterapia e Medicina são áreas distintas da saúde, ambas focadas no cuidado e prevenção de doenças, mas com abordagens e especializações diferentes.
O médico, ao concluir sua formação, pode atuar como clínico geral, possuindo um amplo conhecimento sobre as funções do corpo humano. Ele é capacitado para diagnosticar doenças, analisar exames, prescrever medicamentos e sugerir tratamentos, com ou sem intervenções cirúrgicas.
Além disso, pode se especializar em diversas áreas, como Neurologia, Cardiologia ou Psiquiatria, aprofundando-se em campos específicos da Medicina.
Já a Fisioterapia se concentra na recuperação da mobilidade e funcionalidade dos pacientes que sofreram lesões ou traumas. Por meio de técnicas como exercícios terapêuticos, massoterapia e eletroterapia, o fisioterapeuta trabalha para restaurar a capacidade física do paciente.
Também realiza testes elétricos e manuais para avaliar a força muscular, a amplitude de movimento das articulações, a capacidade respiratória e cardiovascular, e também auxilia no diagnóstico e controle da evolução de condições crônicas.
Formação acadêmica e registros em entidade de classe
A formação acadêmica de médicos e fisioterapeutas possui diferenças significativas, tanto em termos de duração quanto de carga horária e especializações. Veja abaixo um resumo de cada um.
Medicina
Modalidade: presencial
Duração: 6 anos, distribuídos entre ciclos básico, clínico e internato, com carga horária mínima de 7.200 horas. Após a graduação, o médico pode escolher uma especialização, que exige a realização de uma residência ou cursos complementares.
Entidades de classe responsáveis: O médico é registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) de cada estado e no Conselho Federal de Medicina (CFM).
Fisioterapia
Modalidade: presencial e semipresencial
Duração: De 4 a 5 anos, dependendo do programa de cada instituição, divididos entre etapas inicial, intermediária e final, com carga horária mínima de 4.000 horas. Após a graduação, o fisioterapeuta pode realizar uma pós-graduação para se especializar.
Entidades de classe responsáveis: O profissional de Fisioterapia é registrado no Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO) e no Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
O que faz um fisioterapeuta?
O fisioterapeuta utiliza seu conhecimento da anatomia humana e técnicas especializadas, como barras, bolas e aparelhos de exercícios, para desenvolver séries de movimentos repetitivos com o objetivo de aliviar a dor e restaurar ou melhorar a mobilidade comprometida por doenças, lesões ou problemas crônicos.
As principais funções de um fisioterapeuta incluem:
- Avaliar as necessidades de saúde do paciente, atuando de forma independente ou em equipe multidisciplinar quando necessário.
- Realizar terapias para a reeducação funcional das deficiências motoras, psicomotoras e cognitivas, utilizando métodos como terapias físicas, manuais e ocupacionais.
- Propor a utilização de métodos auxiliares, educar o paciente sobre o seu uso e acompanhar a eficácia desses tratamentos.
- Verificar a adequação das metodologias de reabilitação aos objetivos de recuperação funcional.
Embora muitos fisioterapeutas trabalhem em hospitais, clínicas de reabilitação, centros esportivos e casas de repouso, a profissão conta com várias subespecialidades, cada uma focada em diferentes tipos de lesões e tratamentos. Algumas das principais áreas de atuação incluem:
- Traumato-Ortopédica (tratamento de traumas)
- Neurofuncional
- Dermatofuncional (tratamento das funções da pele)
- Oncológica
- Respiratória
- Esportiva
- Saúde da Mulher
- Fisioterapia Aquática
- Do Trabalho
- Acupuntura
- Cardiovascular
- Gerontologia (cuidados com idosos)
- Terapia Intensiva (cuidados em UTI)
- Quiropraxia
- Osteopatia
Educação e prevenção
A educação e prevenção na saúde muscular e óssea são aspectos fundamentais do trabalho do fisioterapeuta. Muitas vezes, estudantes se questionam sobre a escolha entre Fisioterapia e Educação Física, já que as duas áreas possuem algumas semelhanças, principalmente no que diz respeito à atuação no fortalecimento físico e na prevenção de lesões.
A dúvida é válida, pois fisioterapeutas frequentemente colaboram com educadores físicos, especialmente no acompanhamento de atletas profissionais e amadores. O foco dessa colaboração é, primeiramente, o fortalecimento das estruturas musculares e ósseas, especialmente em contextos de alto impacto, com o objetivo de prevenir lesões e traumas.
O fisioterapeuta também desempenha um papel importante na reeducação postural dos pacientes, ajudando a corrigir hábitos que podem gerar esforços excessivos ou movimentos repetitivos prejudiciais ao corpo.
Como é possível perceber, as áreas de atuação da Fisioterapia são diversas, e isso acaba refletindo nas possibilidades de ganho do profissional.
O que um fisioterapeuta pode prescrever?
O fisioterapeuta tem a capacidade de prescrever tratamentos específicos dentro de sua área de atuação, com foco na reabilitação e melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Ele pode indicar diversas modalidades terapêuticas, como exercícios físicos, técnicas manuais, utilização de aparelhos de eletroterapia e outros recursos, dependendo das necessidades de cada paciente. Entre as prescrições que o fisioterapeuta pode fazer estão:
- Exercícios terapêuticos: Incluindo alongamentos, fortalecimento muscular e atividades para melhorar a mobilidade articular.
- Terapias manuais: Como a massoterapia e manipulações para alívio de dor e melhora da função muscular e articular.
- Eletroterapia: Utilização de equipamentos que emitem estímulos elétricos para auxiliar no controle da dor, aceleração da recuperação de tecidos e fortalecimento muscular.
- Técnicas de reeducação postural: Para corrigir vícios de postura e prevenir lesões a longo prazo.
Embora tenha um amplo campo para prescrever tratamentos, ele deve sempre atuar dentro dos limites de sua formação e, quando necessário, buscar a colaboração de outros profissionais da saúde, como médicos, para garantir o melhor plano terapêutico para o paciente.
O que se estuda no curso de Fisioterapia?
O curso de Fisioterapia oferece uma formação robusta, com uma grade curricular que mescla disciplinas da área de Ciências Biológicas e da Saúde. No início, o foco está nas matérias do ciclo básico, essenciais para construir a base de conhecimentos necessários para a atuação na área da saúde e na prática fisioterapêutica.
A partir do segundo ano, as disciplinas se tornam mais específicas e profissionalizantes, abordando as diferentes técnicas de tratamento que o fisioterapeuta utilizará de acordo com as necessidades do paciente.
O estágio obrigatório, realizado geralmente nas clínicas de Fisioterapia da própria instituição, ocorre no último ano, e a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é um requisito para a graduação.
Algumas das principais matérias do curso de Fisioterapia incluem:
- Ciências Moleculares e Celulares
- Ciências Morfofuncionais do Aparelho Locomotor (membros inferiores, superiores, coluna vertebral, cabeça e tronco)
- Ciências Morfofuncionais dos Sistemas Digestório, Endócrino, Renal, Imune, Hematológico, Nervoso, Cardiorrespiratório, Tegumentar e Reprodutor
- Cinesioterapia Geral e Aplicada
- Diagnóstico Cinético-funcional e Imaginologia
- Ética e Deontologia
- Fisioterapia Cardiopulmonar na Saúde do Adulto
- Fisioterapia Dermatofuncional
- Fisioterapia e Inovações
- Fisioterapia em Unidade Hospitalar
- Fisioterapia Musculoesquelética na Saúde do Adulto
- Fisioterapia na Atenção Primária, Secundária e Terciária
- Fisioterapia na Saúde da Criança e do Adolescente
- Fisioterapia na Saúde da Mulher
- Fisioterapia na Saúde do Atleta
- Fisioterapia na Saúde do Idoso
- Fisioterapia na Saúde do Neonato
- Fisioterapia na Saúde do Trabalhador
- Fisioterapia Neurofuncional
- Formação Integral em Saúde
- Genética
- Práticas Fisioterapêuticas na Atenção Primária, Secundária e Terciária
- Prótese e Órtese
- Psicologia Aplicada à Saúde
- Recursos Terapêuticos Bioelétricos/Térmicos/Mecânicos, Bio-hídricos e Manuais
- Saúde Coletiva
Essas disciplinas fornecem ao estudante o conhecimento necessário para lidar com diferentes condições de saúde e aplicar técnicas adequadas para o tratamento e a reabilitação dos pacientes.
Especializações e salários
Para consolidar uma carreira de sucesso, o fisioterapeuta muitas vezes precisa ir além da graduação, buscando especializações que agreguem valor ao seu perfil profissional.
Investir em cursos de aperfeiçoamento é essencial para se destacar em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. O fisioterapeuta pode escolher diversas áreas de especialização, como:
- Gerontologia
- Neurofuncional
- Terapia Intensiva
- Dermatofuncional
- Entre muitas outras opções
Essas especializações permitem que o profissional se aprofunde em áreas específicas e atue com maior expertise. Quanto ao salário, ele pode variar conforme a formação e a especialização do fisioterapeuta. A faixa salarial inicial costuma ser em torno de R$2.606,37, com o teto salarial podendo alcançar até R$5.122,25.
Com dedicação, atualização constante e o foco em uma especialização, o fisioterapeuta pode ser bem remunerado, alcançar seus objetivos profissionais e ainda contribuir para o avanço da saúde da população.
Perguntas Frequentes
Fisioterapeuta pode ser médico e vice-versa?
Não, o fisioterapeuta não pode ser médico, e o médico não pode ser fisioterapeuta sem passar por uma nova formação. Embora ambos sejam profissionais de saúde, as áreas de atuação, a formação acadêmica e as responsabilidades são distintas.
Para ser médico, é necessário concluir o curso de Medicina, e para ser fisioterapeuta, é necessário completar o curso de Fisioterapia. No entanto, é possível que um médico se especialize em Fisioterapia ou vice-versa, desde que complete a formação necessária.
Tem que fazer medicina pra ser fisioterapeuta?
Não, não é necessário fazer Medicina para ser fisioterapeuta. A formação para atuar como fisioterapeuta é realizada por meio do curso superior de Fisioterapia, que tem duração de 4 a 5 anos. Embora a Medicina e a Fisioterapia compartilhem algumas áreas de atuação, cada profissão tem seu próprio currículo e especializações, com enfoques diferentes no cuidado à saúde.
Quantos anos tem a faculdade de Fisioterapia?
A faculdade de Fisioterapia tem duração de 4 a 5 anos, dependendo da instituição e do programa oferecido. Durante esse período, os alunos passam por uma formação teórica e prática, incluindo estágios supervisionados, antes de se formarem como profissionais habilitados.
Pode chamar fisioterapeuta de doutor?
Sim, o fisioterapeuta pode ser chamado de doutor, caso tenha concluído sua graduação e esteja registrado profissionalmente. O uso do título de “doutor” é uma prática tradicional no Brasil para profissionais de nível superior, incluindo fisioterapeutas. No entanto, é importante destacar que, para ser considerado um especialista ou ter um doutorado acadêmico, é necessário ter concluído uma pós-graduação ou doutorado na área específica.
Qual médico faz Fisioterapia?
Nenhum médico realiza fisioterapia, pois essa é uma prática exclusiva dos fisioterapeutas, que são profissionais especializados em reabilitação e mobilidade.
No entanto, médicos podem prescrever fisioterapia como parte do tratamento para seus pacientes, especialmente em casos de lesões, doenças musculoesqueléticas ou recuperação pós-cirúrgica.
Pode colocar DR no jaleco de Fisioterapia?
Sim, o fisioterapeuta pode usar o título de “Doutor” (DR) no jaleco, conforme a prática estabelecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).
Qual é o CRM do fisioterapeuta?
O fisioterapeuta não possui CRM (Conselho Regional de Medicina), que é um registro exclusivo para médicos. Em vez disso, o fisioterapeuta é registrado no CREFITO (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), que é a entidade responsável pela regulamentação e fiscalização do exercício profissional da Fisioterapia no Brasil.
O CREFITO é dividido em regionais, e cada fisioterapeuta recebe um número de registro correspondente à sua unidade estadual.
Conclusão
A Fisioterapia e a Medicina são áreas distintas, com formações e funções específicas, mas ambas essenciais no cuidado à saúde. Enquanto os médicos se especializam no diagnóstico e tratamento de doenças, os fisioterapeutas atuam na reabilitação física, promovendo a recuperação e o alívio de dores, com foco na funcionalidade do corpo.
É importante esclarecer que, apesar das semelhanças na atuação em saúde, um fisioterapeuta não é médico, e para ser fisioterapeuta, não é necessário cursar Medicina.
Além disso, o fisioterapeuta pode usar o título de “doutor”, conforme respaldo legal, uma vez que é um profissional de nível superior, mas isso não implica em um doutorado acadêmico.
O trabalho desses profissionais vai além da reabilitação, incluindo também a educação e a prevenção de lesões, com destaque para as diversas especializações que podem ampliar sua atuação e melhorar sua performance no mercado de trabalho.
Portanto, ao buscar atendimento para questões relacionadas à reabilitação física, você pode procurar diretamente um fisioterapeuta, que tem o conhecimento técnico para diagnosticar e tratar de forma eficaz, muitas vezes sem a necessidade de um encaminhamento médico.